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A Poética dos Detalhes: Entre Estética e Essência

  • fzulzke
  • Nov 27
  • 2 min read

27 de novembro de 2025

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Há algo de sutil, quase invisível, que acontece quando entro em uma casa pela primeira vez. Não é apenas observar o espaço; é sentir o que ainda não foi dito. Vejo as memórias nos objetos, os silêncios nos cantos, os hábitos escondidos nos detalhes. E é nesse território delicado, cheio de nuances, que meu trabalho realmente começa.


Cuidar da casa é cuidar da alma — e, para mim, esse gesto nasce na atenção. Atenção às pequenas coisas, às vibrações do ambiente, ao que se revela sem palavras. Tenho um olhar que naturalmente se volta aos detalhes: a cor que se repete, o objeto que insiste em permanecer, a luz que toca um móvel de um jeito especial. São pistas, fragmentos íntimos, que me ajudam a compreender como aquele espaço deseja acolher seus moradores.


Meu apuro estético não é só sobre beleza; é sobre harmonia. É sobre criar ambientes que façam sentido, que convidem ao descanso, ao aconchego e ao prazer de simplesmente estar em casa. Não busco apenas o novo — busco o essencial. Busco o que traz pertencimento. Por isso, quando encontro um acervo familiar, gosto de inclui-lo com respeito e delicadeza. Acredito que objetos antigos carregam camadas de vida, e que é possível — e lindo — criar um novo arranjo a partir dessas memórias.


A casa, vai assim, se transformando sem perder a alma. Pode parecer nova, fresca, renovada… mas ela ainda guarda histórias. É um lar que respira no presente sem abandonar o passado. Como se o conforto surgisse exatamente desse encontro: a soma entre aquilo que já existia e aquilo que chega agora para ampliar a experiência de viver.


Nesse rearranjo surgem pérolas... Como o sorriso da senhora que deseja voltar a cuidar do seu jardim, ou o filho que escolhe a palavra "equilíbrio" durante o Shabat ,depois de ver a sua casa transformada após um ano da mudança à casa nova, ou o brilho no olhar da querida advogada que está radiante de ter quase tudo o que sempre desejou na sua primeira casa, SÓ DELA.


É assim que trabalho: lendo o visível e o invisível, compondo com o que existe e com o que ainda pode existir. Acolhendo histórias, aproximando tempos, deixando que a casa fale. Organizar um ambiente é organizar emoções. Encontrar uma paleta é encontrar um estado de espírito. Reposicionar móveis é, muitas vezes, reposicionar a energia de quem vive ali.


Quando o projeto termina, o que entrego não é apenas um espaço bonito — é um lar que abraça. É um lugar onde a pessoa se reconhece, mas também se surpreende. Onde ela sente que algo mudou, ainda que muitos objetos continuem os mesmos. Porque o novo não está apenas nas peças escolhidas, mas na intenção com que elas se alinham.


Decorar, para mim, é criar vida nova com o que já é precioso.


É criar poesia com memórias.


É transformar movimento interno em forma externa.


É permitir que a casa se torne um retrato sensível de quem vive ali — não para revelar algo desconhecido, mas para celebrar tudo o que já existe: a força, a história, os sonhos e a beleza que cada pessoa carrega consigo.


Um abraço a todos,

Fernanda


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